terça-feira, 26 de julho de 2011

Obama e sua falta de poder...

É costume dizer que o homem mais poderoso do mundo é o presidente dos Estados Unidos, a nação mais poderosa do mundo, mas estes dois mitos estar-se-ão fadados a serem desmentidos. O primeiro é a da nação mais poderosa do mundo, nação esta que vem cambaleando a passos ébrios desde meados do governo Bush com seus gastos desenfreados com guerras insanas, talvez com sentido, mas com certeza sem muita eficácia. É certo que se estes gastos fossem executados em território americano (cerca de 4 trilhões de dólares segundo o Itamaraty em 30/06/2011) a economia americana não precisaria do resgate de mais de 1 trilhão de dólares pós crise imobiliária, a qual todos sabem seu desfecho que afetou todo o mundo. Acredito que se não houvesse a interveniência bélica americana, os Estados Unidos estariam passando muito bem, obrigado.

É certo que se Bush começou a crise, Obama consolidou-a, com seus programas sociais como a universalização do sistema de saúde (o mais caro de todos) e a expansão estapafúrdia dos gastos públicos. O problema é que as nações, de uma forma geral, descobriram um jeito prático e relativamente barato de financiar seus desatinos contábeis, a emissão de títulos públicos... É simples, um país ( a enorme maioria) que gasta mais do que arrecada emite títulos públicos para fechar as contas e por eles pagam juros pré-estabelecidos de acordo do o “risco-país” de cada nação, o problema é que como esta prática já está consolidada, não há mais compromisso em fechar as contas, simplesmente emitem-se cada vez mais títulos de dívida, pagando-se os antecessores com os novos e arrecadando-se cada vez mais dinheiro e elevando cada vez mais a dívida do país.

Nos Estados Unidos, diferente do Brasil, há um teto pré-estabelecido do quanto o país pode se endividar e como era de se esperar, o óbvio acabou por acontecer e próximo dia 2 será o “Dia D” do futuro do “sonho americano”, ou se eleva o teto da dívida ou suas conseqüências fatalmente serão de uma profunda recessão, já que os EUA não suportariam uma elevação nos juros (ou um rebaixamento no rating da dívida), pois seu baixo nível de atividade econômica e alto desemprego não suportarão um encolhimento do crédito.
Voltando ao título, Obama está à mercê do congresso, e dia após dia faz apelos humilhantes em rede internacional para elevação da dívida, particularmente acredito que os republicanos não querem levar o ônus da recessão, querem apenas barganhar com o governo a redução de impostos e gastos públicos, explicitar o problema americano (Obama) e ver o presidente de joelhos pedindo “penico” e assumindo a culpa, assim garantindo as próximas eleições.

Aguardemos os próximos capítulos...

domingo, 19 de junho de 2011

Colapso econômico à vista!

Há muito me preocupo a cerca da inflação e do destino econômico do país. Recentemente o IBGE divulgou o resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ou seja, a inflação para nós meros mortais. O IPCA do mês de maio foi de 0,47%, aparentemente baixo, o menor desde outubro do ano passado, levando-se em conta a meta de inflação do BACEN no início do ano que era de 4,5%; e que Guido Mantega (atual ministro da fazenda) já jogou pra cima, este índice está alto, ainda mais depois do vou aqui explanar.

A inflação acumulada nos últimos 12 meses é de 6,55%; e tende a aumentar até setembro, onde deve chegar aos 8,0%; essa previsão tem fundamento, pois a inflação de junho a setembro de 2010 foi de 0,04%, ou seja, praticamente estável para um período de 4 meses e em setembro de 2011 estes 0,04% sairão do cálculo da inflação dos últimos 12 meses, dando lugar a 2,01% (estimativa otimista de 0,5% ao mês). Sendo assim percebe-se claramente que meus 8,0% é uma previsão para baixo, e o pior ainda está por vir.

Setembro é o mês dos grandes dissídios coletivos, categorias com sindicatos fortes e com grande número de funcionários buscando ajustes acima da inflação (mais de 8%); bancários, petroleiros e comerciários; isso ajudará a pressionar ainda mais a inflação até o final do ano, quando vem o tão esperado aumento do salário mínimo (PIB de 2010 + IPCA 2011), acordo feito pelo presidente Lula e corroborado agora por Dilma junto às centrais sindicais para garantir que o salário mínimo tenha um ganho real. O resultado disso seria 7,5% do PIB de 2010 mais 8,5% (no mínimo!) do IPCA 2011, o salário mínimo teria um aumento de pelo menos 16% e passaria para mais de R$632,00. Com os aumentos normais de começo de ano; escola, água, luz, telefone, transporte e outros; não vejo como segurar a inflação simplesmente aumentando a taxa SELIC que hoje está em 12,25% a.a.

Segundo o Financial Times de 14 de junho de 2011, o cenário atual dos juros da dívida brasileira de curto e longo prazo, por conta do aumento da taxa básica de juros para controlar a inflação, está cada vez mais se assemelhando com a de países que tiveram problemas com a dívida interna na Europa e agora amargam uma profunda crise recessiva, como Grécia, Irlanda e Portugal. Como a expectativa da inflação é de crescimento e o BC já se habituou a apenas elevar a taxa SELIC para conter a inflação, não vejo outro futuro possível, se não o colapso.

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201105_1.shtm

http://www.ft.com/intl/cms/s/0/04511554-96a0-11e0-baca-00144feab49a.html#